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Estudo analisa eficácia da quarta dose das vacinas contra a covid-19





Um dos autores do trabalho explica as particularidades do quadro de vacina no Brasil e a importância da escolha do País para a pesquisa



Ainda não é possível uma análise da diferença de eficácia sobre vacinas feitas com cepas antigas e vacinas atualizadas

A revista The Lancet publicou um estudo, realizado na Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo, sobre a eficácia da quarta dose da vacina contra a Covid-19. Felippe Lazar Neto, doutorando do Programa de Ciências Respiratórias da FMUSP e um dos autores da pesquisa, explica que o projeto faz parte de um grupo de pesquisa brasileiro, em conjunto de colaboradores internacionais e parceria com o Ministério da Saúde.

“Essa pesquisa veio no contexto em que a gente tenta avaliar a eficácia da vacinação da quarta dose dentro do cenário brasileiro. O Brasil é um dos países mais populosos e, do ponto de vista científico, traz um interesse muito grande por ter aplicado vacinas de diferentes tipos”, afirma.

O estudo populacional foi feito em adultos, de 40 anos ou mais, que já tinham tomado a terceira dose da vacina. Feito em 2022, ele avaliou as cepas predominantes da época, principalmente a BA.1 e BA.2 da variante ômicron. Mesmo em um momento diferente da pesquisa, Lazar Neto diz que os resultados foram muito promissores.

“Ele traz resultados interessantes, principalmente sobre a validação da vacinação naquele momento. Esse estudo usou vacinas ancestrais, ou seja, aquelas que não foram atualizadas com as novas cepas. É muito reconfortante demonstrar, naquele tempo, que mesmo com vacinas que ainda foram produzidas para o início da pandemia nós conseguimos evitar mortes durante todo aquele período já com uma cepa nova”, observa.

Vacinação periódica

Apesar do otimismo, ele avalia que ainda não é possível uma análise da diferença de eficácia sobre vacinas feitas com cepas antigas e vacinas atualizadas, sendo necessário mais estudos no assunto. Outra diferença nas vacinas produzidas é o seu desenvolvimento a partir de RNA mensageiro — ou mRNA — ou de adenovírus, já que poucos países tiveram uma combinação de diferentes vacinas como o Brasil.

“O estudo mostra que, independentemente do seu esquema vacinal inicial, uma quarta dose foi efetiva em prevenir casos graves. Independentemente do tipo de vacina que você veio tomar na primeira, segunda e na terceira dose, a quarta dose trouxe benefício”, afirma o doutorando, o qual ainda acrescenta que, a médio e a longo prazo, os diferentes tipos de vacina da quarta dose também trazem resultados muito semelhantes.

Com um prazo de validade na duração das vacinas, Lazar Neto diz que estar com a vacinação em dia é essencial, principalmente para idosos, grupos de risco ou pessoas que ainda não se vacinaram com nenhuma dose. Sobre uma perspectiva dos quadros vacinais no Brasil no futuro, ele finaliza: “Talvez pelo menos um reforço anual será necessário, e para aqueles grupos de alto risco, pelo menos duas doses. Nós estamos caminhando para uma vacinação periódica, e isso deve continuar por anos até que novas evidências surjam”.

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