O diabetes Mellitus é uma condição crônica causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue (glicemia) e garante energia para o organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.
Em 26 de junho, é celebrado o Dia Nacional do Diabetes Mellitus, data instituída pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para a conscientização e prevenção da doença, que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, afeta mais de 13 milhões de pessoas no país, o que representa 6,9% da população nacional.
Em Minas Gerais, 1.700 pessoas já morreram pela doença em 2024. Nos anos anteriores, foram 7.239 óbitos em 2021, 7.070 óbitos em 2022 e 6.467 óbitos em 2023. Além desses números, foram 16.071 internações pela doença em 2021, 17.606, em 2022, e 17.596, em 2023. Em 2024, até o momento foram contabilizadas 5.545 internações.
A médica Izabela Guimarães, que atende na Unidade Básica de Saúde (UBS) Delson Costa, em Santa Luzia, explica que o diabetes já é uma das doenças com maior número de casos no mundo. “A população, de uma forma geral, está envelhecendo, e as doenças crônicas, como o diabetes, estão com elevada prevalência”, informa.
De acordo com ela, a melhor forma de prevenir o diabetes é praticando atividades físicas regularmente, mantendo uma alimentação saudável e evitando consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
A doença
O diabetes pode se apresentar de diversas formas e possui vários tipos, sendo os mais frequentes o diabetes gestacional, o pré-diabetes e o diabetes tipo 1 e tipo 2.
Os principais sintomas são: fome e sede excessiva, vontade de urinar várias vezes ao dia. Outros sintomas que podem aparecer são perda de peso, fraqueza excessiva, mudanças de humor, visão embaçada e demora na cicatrização de feridas. Com o surgimento de qualquer sintoma, é fundamental que a pessoa procure imediatamente o atendimento médico para dar início ao tratamento.
O diabetes gestacional ocorre temporariamente durante a gravidez. Nesses casos, as taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificado como diabetes tipo 2. Assim, é de fundamental importância que toda gestante faça o exame de diabetes, regularmente, durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco de complicações durante a gravidez e o parto. A condição afeta entre 2% e 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.
O pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar o diabetes tipo 1 ou tipo 2. É um sinal de alerta do corpo, que normalmente aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos lipídios.
Esse alerta do corpo é importante por ser a única etapa do diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença e o aparecimento de complicações, incluindo o infarto. No entanto, 50% das pessoas que têm o diagnóstico de pré-diabetes, mesmo com as devidas orientações médicas, desenvolvem o diabetes. A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os principais fatores de sucesso para o controle.
O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Sua causa ainda é desconhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas saudáveis (alimentação, atividades físicas e abstenção de álcool, tabaco e outras drogas). Esse tipo concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com diabetes no Brasil.
Já o tipo mais prevalente é o diabetes tipo 2, que atinge cerca de 90% das pessoas diagnosticadas com a doença. Ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida e está diretamente relacionada ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.
Atenção integral
O diagnóstico para diabetes é feito em todas as Unidades Básicas de Saúde do estado, por meio de exames e do levantamento do histórico de saúde e fatores de risco do paciente, que já inicia o tratamento e acompanhamento pela equipe da UBS ou, dependendo da situação observada, é encaminhado para a atenção especializada.
Para monitoramento do índice glicêmico, também estão disponíveis reagentes e seringas nas UBS.
“É importante frisar que o primeiro lugar que o paciente deve ir é na Unidade Básica de Saúde. Ela é a porta de entrada para os serviços do SUS. Isso garante o fortalecimento da conexão do paciente com o serviço no território em que vive e o acompanhamento qualificado, em tempo oportuno e de forma contínua, por meio das equipes da Saúde da Família”, explica a subsecretária de Redes de Atenção à Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Camila Moreira de Castro.
“Além da atuação na atenção primária, temos 28 Centros Estaduais de Atenção Especializada (CEAE), com equipes multiprofissionais, além dos pontos de atenção na média complexidade”, acrescenta a subsecretária.
“Nesse sentido, o que a SES-MG tem feito passa por uma melhoria nos processos de trabalho, diálogo, qualificação e integração da atenção primária com a atenção especializada no que chamamos de Saúde em Rede, projeto iniciado em 2019, que estamos implantando em todo o estado”, informa Camila Castro.
A aposentada Anunciata Ferraz, de 66 anos, é paciente da médica Izabela Guimarães na UBS Delson Costa. Diagnosticada com a doença em 2012, ela recebe o tratamento, desde então, com insulina e outros medicamentos, e faz o acompanhamento periódico na unidade.
“As enfermeiras daqui me ensinaram até como aplicar a insulina e hoje eu mesma faço a aplicação. Mas, antes do tratamento, eu bebia, fumava, tinha uma vida muito desregrada. Quando foi descoberto o diabetes, eu comecei a obedecer à minha médica. Parei de fumar e de beber, faço caminhada e hoje a minha alimentação é acompanhada por nutricionista. Estu muito melhor e mais forte, graças ao tratamento recebido aqui”, completa a aposentada.
Izabela Guimarães explica que o tratamento para o diabetes é individualizado e depende da condição de saúde de cada paciente. “Mas cabe ressaltar que o tratamento medicamentoso, por mais moderno que seja, não prescinde do principal pilar no combate ao diabetes, que é a mudança de estilo de vida”, salienta.
Nesse sentido, a subsecretária Camila Castro, destaca que a SES-MG realiza um conjunto de ações que visam promover o bem estar e a saúde da população, prevenindo doenças como o diabetes.
“Dentre as diversas iniciativas, a SES-MG repassou, em 2023, por volta de R$ 42 milhões para incentivar a instalação e o fortalecimento das Academias da Saúde no estado, uma importante estratégia para a promoção da saúde e qualidade de vida”, cita a subsecretária.
Medicamentos
Para o controle do diabetes, são dispensados os seguintes medicamentos, por meio do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf), de aquisição federal ou estadual e distribuição pela SES-MG: insulina análoga de ação prolongada (Glargina) 100 UI/ml (FR) solução injetável, a insulina análoga de ação prolongada (Glargina) 100 UI/ml (RF) solução injetável, a insulina análoga de ação rápida (sistema de aplicação descartável) 100 UI/ml solução injetável, a insulina análoga de ação rápida (tubetes com sistema de aplicação reutilizável) 100 UI/ml solução injetável e a Dapaglifozina 10 mg Comprimido.
Informações sobre como obter esses medicamentos estão disponíveis neste link.
São ainda adquiridos e fornecidos pelos municípios, por meio do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), que possui financiamento tripartite (federal, estadual e municipal): Glibenclamida Comprimido 5mg, Gliclazida Comprimido de liberação prolongada 30mg, Gliclazida Comprimido de liberação prolongada 60mg, Gliclazida Comprimido 80mg, insulina humana NPH Suspensão injetável 100UI/mL, insulina humana regular solução injetável 100UI/mL, Cloridrato de metformina Comprimido 500mg e Cloridrato de metformina Comprimido 850mg.
O programa Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde com mais de 34 mil farmácias privadas em todo o país, também distribui medicamentos gratuitos, entre eles o cloridrato de metformina, glibenclamida e insulinas.